Logo de manhã

Há um cântico muito bonito, do compositor Aristeu Pires Junior, que começa assim: “Logo de manhã quero te buscar, tua voz ouvir, teu amor sentir. Estender as mãos para te louvar, derramar meu coração sobre teu altar”. É uma excelente decisão. Mas, um dia desses, não acordei “logo de manhã” com o coração alegre e pronto para buscar o Senhor. Pelo contrário, o peso do dia anterior ainda permanecia latente, e minha mente e meu coração estavam feridos, irritados, sem ânimo e sem vontade de fazer a conexão que eu tanto precisava. Depois, já mais calma, com os problemas resolvidos, lamentei o tempo perdido em lamúrias, quando podia apenas ter descansado no Senhor. Minha causa era tão banal e não havia motivo para me desestruturar, uma vez que eu já tinha enfrentado, com coragem, lutas bem mais intensas, devastadoras e duradouras.

Às vezes, nem há motivo para tanta aflição, mas o que acontece se acumula por trás das lutas. O inimigo trabalha para nos incitar a guardar ira, mágoa e rancor e, quando a gota d’água transborda o copo, o que era simples vira um gigante descontrolado. Precisamos, em Cristo, frear a mente, a língua ou os dedos, rápidos em formular ou digitar mensagens desonrosas e afiadas, que machucam e não voltam atrás. Às vezes, nossas palavras são flechas certeiras. Quando as desferimos, sentimos um certo prazer, mas depois podem deixar um gosto amargo que nos tira a paz. Saber enfrentar as mínimas coisas com sabedoria nos deixa mais firmes quando o vendaval é forte e o inimigo é mais truculento. A paz que sentimos ao segurar as emoções “não tem preço”. Por isso, se “logo de manhã” buscarmos ao Senhor, podemos dormir cantando o final do cântico: “E no fim do dia, quando o sol se for, te adorarei, te darei louvor. Mesmo escura a noite, brilha a tua luz. Em teus braços, eu descanso, meu Senhor Jesus”.