Arroz
Quarta-feira, 30 de outubro
Arroz
Leitura Bíblica:
Mateus 25.35-40
O SENHOR protege os simples; quando eu já estava sem forças, ele me salvou (Sl 116.6).
Estes dias, caminhando no centro da cidade, fui abordada por um mendigo, que começou a me seguir. Ele dizia que não queria dinheiro, só queria arroz. Eu expliquei que não tinha onde comprar (e não tinha mesmo), e ele me mandou ir ao supermercado, que estava bem longe dali. Como eu disse que não iria, ele soltou alguns impropérios, disse que eu o fiz perder tempo (tempo para que, será?), e foi embora. Achei até engraçado, mas me senti culpada e procurei não pensar mais naquilo, até o dia seguinte, quando minha mãe ouviu alguém passar na rua, gritando que queria arroz. Ela saiu apressada para fora, mas o homem já tinha sumido da vista. Durante a Pandemia Covid-19, a quantidade de pedintes diminuiu na minha região. Muitas entidades, de todos os credos, acudiram os necessitados com comida e agasalho. Até os nossos “fregueses” habituais sumiram. Creio que também foram assistidos. Há alguns domingos, eu estava indo para a igreja e vi, na avenida, um morador de rua revirando uma caçamba de lixo. Logo chegaram outros dois amigos de luta e avisaram o local e a hora onde seria distribuído um almoço. Então os três combinaram um encontro para matar a fome do dia. Fiquei emocionada porque, no pouco, eles dividiram uma valiosa informação com outro faminto. Deus tem cuidado dos que têm pouco, dos que têm muito e dos que nada têm. Ainda são tantos os necessitados neste mundo e, com certeza, não poderemos alcançar a todos. Mas, quando depender de nós, que nosso coração esteja aberto com o mesmo amor que Deus nos dispensa. E que, além do pão material, possamos assistir às carências afetivas, emocionais e, principalmente, espirituais dos que estão à nossa volta. Ainda espero o pedinte do arroz voltar. Fico pensando nos traumas que esse homem carrega e então peço que Deus o supra, não só de arroz, mas do Pão da Vida, o alimento que sossega a alma e acalma o coração.
Zelene Reis, Itapeva/SP
Cada um grita pelo seu próprio arroz, mas só Deus conhece a verdadeira necessidade!