"Olhos pesados"

Penso que todos sabemos da importância da oração, mas muitos têm dificuldade de separar um tempo para isso e, quando o fazem, lutam contra a distração ou contra o sono. Minha experiência de oração não é muito diferente. A oração é prática constante em minha vida, mas como é difícil me concentrar e estar plenamente na presença do Pai! O pensamento quer voar, ou o sono atrasado chega.

Na leitura de hoje, vemos que Pedro, Tiago e João tiveram luta semelhante. Vemos Jesus em imensa angústia e orando, e vemos três homens incapazes de manter os olhos abertos, muito menos de orar. Agora, imagine alguém à porta da UTI, onde seu filhinho está em estado grave, suplicando a misericórdia divina. Será que essa pessoa sentiria sono e precisaria lutar contra a distração? Duvido. Aqueles discípulos só cederam ao sono porque não discerniram a gravidade do momento. Pouco antes, durante a ceia, Jesus os tinha avisado que seria preso e que eles o abandonariam. Até Pedro foi avisado de que negaria Jesus por três vezes antes que o galo cantasse. Se tivessem de fato entendido e/ou crido no aviso, estariam de olhos pesados?

Agora, será que os nossos olhos pesados para orar, a dificuldade em desenvolver uma prática de intercessão, não seriam consequência de nossa incapacidade de discernir o tamanho das ameaças que nos circundam? Quando falamos em ameaças, pensamos nas coisas físicas deste mundo material, como violência, privação de liberdade, doenças ou, no máximo, sofrimentos emocionais. Mas pertencemos ao Reino de Deus e estamos inseridos em uma imensa guerra espiritual; o inimigo de nossas almas, como um leão, está à nossa volta, procurando a quem possa devorar (1Pe 5.8). Seu maior desejo é nos desviar de cumprir a vontade de Deus. Que Deus nos desperte para as ameaças espirituais que nos rodeiam.