Justiça

A injustiça é revoltante. E a ira é o sentimento que normalmente ocorre ao se presenciar uma cena de opressão, maldade ou violência contra alguém mais fraco. Impressiona, portanto, alguém que depois de ter seu único filho, ainda criança, assassinado, conseguir perdoar o autor do crime bárbaro. Não é natural haver uma atitude bondosa em relação a alguém que merece ser punido de maneira justa e severa. A verdade é que, quando sofremos nas mãos de alguém, não queremos justiça. Queremos vingança.

O ensino de Jesus nas famosas bem-aventuranças, no texto da leitura bíblica de hoje, está entre os grandes clássicos da história da humanidade. Ele localiza o bem-estar máximo do ser humano em atitudes que estão em oposição ao ódio, rancor e orgulho, sentimentos que nossa sociedade costuma compreender, se vindos de alguém que sofre algum tipo de violência. Jesus declara que o reino dos céus é daqueles que reconhecem sua condição de fraqueza e fragilidade, que buscam a pureza e uma vida de justiça e paz, ainda que enfrentem perseguição por causa disso. Serão recompensados com consolo, herança eterna, misericórdia e alegria aqueles que perdoarem e não derem ao seu ofensor o que poderiam reivindicar. O convite de Jesus é para que a vítima não permita que o rancor e a mágoa dominem seu coração. A liberdade está em conseguir quebrar a onda de maldade, que varre nossa sociedade, com o amor. O criminoso deve enfrentar as consequências dos seus atos, mas se a pessoa que foi prejudicada conseguir perdoar, seu coração encontrará a paz, e a verdadeira justiça espalhará seus raios sobre o mundo. Do ponto de vista humano, isso é impossível de se fazer. Mas para quem recebe o amor de Cristo, que morreu por nós quando ainda éramos pecadores (Rm 5.8), o perdão e a misericórdia são elementos que transbordam de um coração grato por ter sido tornado justo diante de Deus.