Barulho

O Reverendo Uziel Santos, em uma de suas meditações, fala sobre os ruídos do mundo: “A maioria de nós não ouve bem. A condição auditiva, na maioria de nós, está irremediavelmente prejudicada. Nosso mundo é muito barulhento e reagimos a isso elevando o nível dos sons que nos interessam. Um bom exemplo é uma festa: quando a música está alta, todos falam gritando para se escutarem. E quanto mais barulho de vozes, mais o DJ aumenta o volume da música. Quanto mais elevado o volume da música, mais alto falamos, e assim uma coisa alimenta a outra”. Há alguns anos, eu soube de um rapaz que sempre corria na linha do trem da sua cidade. Ele conhecia o trajeto, os horários e os itinerários. Assim, ele colocava os fones de ouvido e, com a música a todo volume, fazia suas corridas diárias, seguindo o mesmo caminho, confiável e sem surpresas. Até o dia em que o trem, sem que ele soubesse, mudou seus horários. Não ouvindo o perigo, aquele moço morreu nos trilhos. O maquinista veio, de longe, soando o alarme, mas o rapaz não ouviu. A música estava alta e a atenção dele estava focada no caminho à frente. São muitos os perigos que abafam a voz de Deus em nossa vida. Os ruídos do mundo são como megafones nos dizendo o que fazer, ditando regras de conduta, nem sempre aceitáveis. Os sinais de alerta estão por toda a parte, e quando percebemos, o relacionamento já quebrou, os filhos já se afastaram, a igreja deixou de ser importante e a comunhão com Deus esfriou. Abaixe o volume e ouça, no silêncio, o momento em que Deus fala conosco, pela sua Palavra, e também falamos com ele, pela oração. Aquiete e acalme o coração. Pare e atente para os sinais de alerta. Eles podem nos tirar do perigo no momento certo e nos fazer ouvir a única voz que importa: a voz do Senhor que ressoa, maravilhosamente, quando nos dispomos a ouvir.