Prende o grito!

No Rio Grande do Sul, há expressões peculiares e que se diferenciam de outros estados. Uma delas é “prende o grito” – usada quando se oferece ajuda a alguém. Frequentemente, finalizo uma conversa dizendo: “Qualquer coisa, prende o grito!”, ou seja, “se você precisar de algo, pode contar comigo!” O engraçado é que se trata de uma expressão contraditória, pois ao prender o grito, ele não sairá e o outro não ouvirá. Por vezes, também falamos: “Qualquer coisa, grite!” para dizer à pessoa que, se ela precisar de algo, pode entrar em contato. Tanto é que, às vezes, brinco, dizendo: “Qualquer coisa, grite! Se eu não ouvir, mande mensagem”.
A verdade é que essa expressão é só figura de linguagem. Dificilmente gritamos quando precisamos de algo. Ainda mais na frente de outras pessoas. Normalmente, se não for possível falar de outra forma que não gritando, deixamos pra lá para evitar constrangimentos e olhares de reprovação das outras pessoas.

No texto de hoje, vemos dois cegos que não prenderam o grito no sentido literal, mas gritaram para chamar a atenção de Jesus e lhe pedir que tivesse misericórdia deles. E quanto mais eram repreendidos pela multidão, mais alto gritavam. Diante disso, Jesus foi até eles, ouviu o pedido, teve compaixão e os curou. A partir de então, os dois o seguiram. Aqueles homens não tiveram vergonha ou constrangimento diante da multidão. Eles não “prenderam o grito” para Jesus e pediram ajuda para que ele mudasse a sua condição. Hoje não precisamos gritar para Jesus ouvir. Ele está perto, ao alcance de uma oração. Entretanto, muitos têm medo ou constrangimento de orar em público. Não se sinta assim! Pode ter certeza de que o Senhor está lhe dizendo hoje mesmo, à moda gaúcha: “Qualquer coisa, prende o grito!” Ele está sempre disposto a nos ouvir.