Notícias - 06/06/2024 13:22:25

Crise de suicídios e saúde mental entre jovens: processar as redes sociais resolve?

Imagem de um quadrado genérico com bordas arredondadas, em uma figure.
A BBC publicou uma matéria nesta quinta-feira que deve ser alvo da nossa preocupação. Segundo o jornal, centenas de famílias estão processando as redes sociais, nos Estados Unidos, por considerarem que a “crise de saúde mental sem precedentes entre as crianças” é alimentada pelos produtos “defeituosos”, “viciantes” e “perigosos” dessas plataformas.

A BBC publicou uma matéria nesta quinta-feira que deve ser alvo da nossa preocupação. Segundo o jornal, centenas de famílias estão processando as redes sociais, nos Estados Unidos, por considerarem que a “crise de saúde mental sem precedentes entre as crianças” é alimentada pelos produtos “defeituosos”, “viciantes” e “perigosos” dessas plataformas.

Um exemplo destacado pela matéria é o de uma adolescente chamada Morgan Pieper, que cometeu suicídio aos 15 anos. Segundo a mãe da menor, Kristina Cahak, a jovem começou à usar o Facebook aos 12 anos, o que foi evoluindo ao longo do tempo.

“Afetava seu sono. Às vezes, eu acordava às 3h da manhã e via luz em seu quarto”, disse a mãe ao comentar sobre a rotina da filha. Além do suicídio, outro problema apontado pelas famílias é o aumento no índice de transtornos emocionais, sociais e também de exposição a riscos como o de abuso sexual.

Matthew Bergman, do Centro Jurídico para Vítimas de Mídias Sociais, disse que que “as principais alegações são de que as plataformas foram projetadas para serem viciantes para crianças”, o que estaria contribuindo significativamente para o surgimento de transtornos e, consequentemente, prejuízos à saúde mental dos jovens.

Será verdade?

Sim, as redes sociais foram feitas para “viciar”, não só crianças e adolescente, mas todos os usuários, incluindo adultos. Os algoritmos foram projetados para que o conteúdo exibido nas telas corresponda aos interesses do internauta (para o bem ou para o mal), de modo que ele fique o maior tempo possível preso ao computador ou celular.

Meu objetivo aqui, porém, não é destacar os efeitos nocivos do uso de tela, mas lembrar aos pais que nós, adultos, somos os principais responsáveis pelo acesso das crianças ao computador e, principalmente, ao celular.

Processar as empresas de mídia é uma reação legítima que pode fazer com que os seus engenheiros sejam obrigados à rever o propósito das redes sociais, colocando a saúde humana acima dos interesses estritamente comerciais, ainda que por força da lei, mas isto poderá resolver o problema? Definitivamente, não!

A raiz do problema está em casa, onde pais estão cada vez mais sendo negligentes com a autoridade que devem exercer sobre os filhos, e por vários motivos. Note que no relato de Kristina, por exemplo, ela confessa que às vezes “acordava às 3h da manhã e via luz” da tela acesa no quarto da filha adolescente.

A dura verdade é que, muito provavelmente, a situação não teria chegado a esse ponto, caso os pais tivessem intervindo de forma apropriada, e no tempo certo, para evitar que a menor fizesse uso nocivo da internet, sendo consequentemente afetada pelas armadilhas virtuais.

Tenho visto inúmeros casos de crianças com 2, 3, 5 anos, sendo condicionadas ao uso nocivo do celular. São pais que, em sua maioria, querem “se livrar” da responsabilidade de dar a devida atenção aos filhos, estabelecendo com eles vínculos afetivos genuínos, sociais e ambientais, e por isso veem na distração das telas uma oportunidade de substituir essas práticas por algo mais “cômodo”.

Crianças literalmente “estupradas” pela virtualização precoce da mente tendem a ser adolescentes dependentes de dela, pois seus cérebros foram modelados em acordo com o funcionamento algoritmo das plataformas, bem como aos estímulos da “cultura” virtual, onde quase tudo é fictício, incluindo as relações humanas.

Conclusão

Pais, meu recado é para que assumam o controle da formação dos seus filhos. São vocês, e não às mídias sociais ou a cultura quem deve, primeiramente, proporcionar aos menores um ambiente de práticas seguras e saudáveis, e isto começa filtrando o que é bom ou ruim, bem como limitando o tempo de uso dos aparelhos eletrônicos.

Crianças não devem ter acesso indiscriminado à internet, via celular ou computador, e em muitos casos nem mesmo devem fazer uso desses aparelhos, salvo por razões estritamente didáticas, como é o caso da inicialização digital, algo controlado e feito com o propósito educativo.

No mais, aos que desejam obter melhor conhecimento a esse respeito, recomendo a aquisição dos meus livros, especialmente um chamado “Limites: O caminho para o equilíbrio emocional dos seus filhos”, que pode ser adquirido pela Amazon ou diretamente pelo meu site marisalobo.com.br.



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